sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Vamos ao Trance?

Uma nova tendência vem ganhando espaço entre jovens de diversas capitais brasileiras, festas de música eletrônica já fazem parte do calendário oficial de baladas, drogas são o combustível de festas que chegam a durar mais de 24 horas.



Sábado três horas da manhã, o despertador começa a tocar, Juliana dá um pulo da cama, ela mal dormiu essa noite tamanha era a ansiedade. Um banho demorado, lápis nos olhos, short curto, blusinha tomara que caia, bota de veludo, cabelos presos com a tatuagem de uma borboleta a mostra no pescoço, quase tudo pronto, só faltam meia dúzia de pulseiras e o óculos “Style” para fechar o visual. O relógio já marca quatro horas da manhã, o amigo Lucas já deve estar a caminho para pegá-la.
A mãe ainda sonolenta acorda com o barulho vindo do quarto da filha de 19 anos.

- Que barulhada é essa?
- To saindo mãe, o Lucas deve chegar em 5 minutos para me pegar.
- Mas a essa hora? Ninguém sai de casa neste horário.

Muitos realmente não saem de casa a esta hora, eles já estão na rua. Tiago e mais três amigos de faculdade estão tomando uma cervejinha no postinho 24 horas da Avenida Brasil, eles a pouco saíram de uma festa em uma boate da Savassi, mas ir para casa não está nos planos de nenhum deles, os ingressos já estão na mão, só falta comprar o maço de cigarros, o chicletes e a última cerveja pra ir tomando no caminho.

- Ficar de boca seca nos 30 minutos de viagem daqui até lá não rola né.
- E as paradas?
- Combinei de pegar com o Marquito lá na porta, tem erro não.

Marquito é um jovem de 22 anos, estudante universitário, mora em um bairro de classe média alta de Belo Horizonte, possui uma vasta rede de amizades, dirige carro do ano e é muito requisitado entre as garotas. Ele mal dormiu essa noite também, o telefone não parou de tocar um segundo, ele precisa chegar mais cedo ao local, pois combinou de encontrar muita gente na porta. A camiseta regata combina com o corpo malhado e deixa as tatuagens á mostra, são duas, um dragão no braço direito e um tribal no braço esquerdo, uma bermuda confortável e um chapéu estilo cowboy dão fim a produção do rapaz, só falta pegar a mochila com as encomendas e tomar o caminho da festa.

- Esta trance vai ser a melhor, os Dj´s são demais e a decoração do lugar também promete, sem contar que vai estar cheio de gatinhas.

Trance? Este é o mais novo estilo de música eletrônica que vem conquistando os jovens das principais cidades do Brasil e que tem Belo Horizonte como um de seus grandes expoentes. O estilo nasceu nas praias de Goa, na Índia. Os maiores astros vêm de Israel. As festas geralmente acontecem em lugares mais afastados das cidades, e não dentro de galpões fechados, o ambiente a céu aberto e em lugares paradisíacos promove o encontro dos participantes com a natureza. Festas de grande porte costumam acontecer na capital mineira de mês em mês, o ingresso gira em torno de R$40 a R$50 reais, vários DJ´s embalam as festas que chegam a ter mais de 24 horas de duração. Os eventos costumam contar com superprodução, organizadores investem pesado na decoração e na contratação de artistas circenses para alegrar e entreter o público. A Trance da vez ocorrerá em um condomínio localizado a cerca de 30 minutos do centro da cidade e cerca de 7 mil pessoas são aguardadas no evento.



Festas reúnem milhares de pessoas em ambientes ao ar livre







O relógio marca 5 horas da manhã, Juliana acompanhada do amigo Lucas e mais três amigas chegam ao estacionamento do local. O Movimento já é grande, a festa começou por volta de meia noite, mas o público chega em peso entre 4 e 6 horas da manhã.

- Pelo menos o estacionamento é de graça, sobra mais grana para a água.
- Você não consegue ficar sem sua água né Lucas.
- Claro, é o que me ajuda a agüentar o tranco.

Água? Para agüentar o tranco? Em eventos desse gênero o consumo de água é maior do que o de cerveja, refrigerantes e demais bebidas. A demanda é tanta que o valor pago por uma garrafinha de 500 ml de água são os mesmos R$3 reais pagos por uma latinha de cerveja, porém bem mais barato que os R$9 reais pagos pela dose de Vodka.

Tiago e os amigos chegam eufóricos ao local do evento, de longe ele avista Marquito, com quem falara ao telefone minutos atrás, o valor de 100 reais pelas encomendas já está no bolso, os dois se conhecem de diversas festas de música eletrônica no passado, se cumprimentam e em 2 minutos fazem negócio.

- Ta ai, as balas que você me pediu. São 4 no total, 25 reais cada.
- Essas são boas né?
- As melhores, o nome é Passarinho verde, no final da festa você me conta como foi.

Bala? Passarinho Verde? Em festas de música eletrônica as principais drogas ingeridas pelo público são as sintéticas Ecstasy e Lsd, mais conhecidas como bala e doce respectivamente. Vendida em pílulas de diversas cores, tamanhos e formatos, a “bala” em muito se assemelha a um típico remédio para dor de cabeça. Não tem o forte cheiro de um cigarro de maconha e nem exige um ritual para ser consumida, como a cocaína. Por isso é mais discreta e fácil de esconder da polícia. Os responsáveis pelo comércio da droga geralmente são jovens de classe média, a não proximidade dos morros atrai outros jovens de classe média, que acham menos perigoso pegar a bala com o amigo de faculdade ao invés de correr o risco de subir a favela à procura de outras drogas.

O dia começa a amanhecer, parece que o sol ficará tímido durante todo o domingo, o tempo nublado deixa o clima mais fresco, e se torna um aliado dos “tranceiros”, que por ali ficarão durante muito tempo. Não existe muito empurra-empurra para entrar na festa, os públicos femininos e masculinos se dividem na entrada, após uma breve revista dos seguranças Juliana já está dentro do local, essa promete ser uma das melhores Trances de que ela já participou. O lugar já está cheio, do lado esquerdo, o palco em formato de uma pirâmide de cerca de 20 metros de altura chama atenção, do lado direito, um bosque cheio de árvores, cores e mais cores fazem parte da decoração, parece um lugar encantado que tem a Lagoa dos Ingleses ao fundo dando o toque final. Juliana está super feliz, ela combinou de encontrar várias amigas no local, a música já é alta e excitante, uma rápida passada no banheiro e ela já está pronta para se acabar na pista de dança.



Os organizadores não economizam em cores para a decoração








Tiago e os amigos também já estão dentro da festa, as 4 balas compradas com Marquito já foram divididas, uma para cada um, os quatro amigos tomam as drogas ao mesmo tempo.


- É só colocar na boca e engolir.
- Credo, essa coisa é muito amarga, pior que novalgina.
- Daqui a uns 30 minutos agente não vai sentir mais nada.

Criado em laboratório em 1914, o ecstasy é parente das anfetaminas, drogas presentes em vários remédios para emagrecer. É uma droga moderna sintetizada, cujo efeito na fisiologia humana é o bloqueio da reabsorção da serotonina, dopamina e noradrenalina no cérebro, causando euforia, sensação de bem-estar, alterações da percepção sensorial do consumidor e grande perda de líquidos, o que explica o consumo excessivo de água pelos frequentadores das Trances. As alterações ao nível do tacto promovem o contacto físico, embora não tenha propriedades afrodisíacas, como se pensa.


As Balas estão entre as drogas mais consumidas nas festas.


A esse ponto Tiago e os amigos ja estão em total euforia, o sorriso estampado no rosto de cada um é o sinal de que a droga ja fez efeito, nenhum deles consegue ficar parado por um instante, a música incessante dita o ritmo, e eles não estão sozinhos, a multidão vai a loucura quando o principal Dj do dia sobe ao palco, a poeira do chão toma conta do lugar, como uma espécie de nuvem, devido a agitação do público.

- Caramba cara, eu tô muito doido.
- Que sensação boa, nao consigo parar.
- É meu amigo, se continuarmos nesse ritmo, só vamos embora amanhã mesmo.
- Pena que não rola de chegar nas gatinhas.
- Pode crer, ninguém dá idéia.


A lucidez era o que chamava a atenção de Tiago, a consiência das alterações no corpo faziam com que ele se sentisse no comando. E por ali eles ficaram durante horas, com uma garrafa de água em uma mão, e o cigarro em outra, Tiago a muito não se sentia tão feliz, porém após algum tempo seu corpo ja não era o mesmo, o relógio marcava 1 hora da tarde, ele estava na rua desde as 11 horas da noite do dia anterior, e nem sequer lembrava qual fora a última vez em que houvera se alimentado. Aos poucos a euforia foi dando lugar a fraqueza, ele se sentia tonto e as pernas começavam a bambiar.

- Véi, não estou me sentido muito bem.
- O que houve?
- Não sei, to sentindo uma fraqueza, acho que vou desmaiar.
- Segura a onda ai que vou te levar na enfermaria.


Ao chegar na enfermaria Tiago foi prontamente atendido pela equipe de primeiros socorros do evento, uma tenda montada para dar suporte médico ao públibo que contava com oito macas, 1 médico e cerca de 5 enfermeiros. Após tirar a pressão e fazer algumas perguntas o diagnóstico do médico já estava pronto.

- Qual foi a última vez em que você se alimentou?
- Nem me lembro Doutor.
- Você teve uma baixa de pressão, vai precisar se alimentar e ficar de repouso durante um tempo.

Segundo o médico responsável pela enfermaria do evento, esse tipo de atendimento é o mais comum, pessoas ficam muito tempo sem se alimentar e gastando muita energia, o que em alguns casos chega a causar uma queda brusca de pressão. A enfermaria ja tinha atendido cerca de 50 pessoas que não se sentiram bem no dia, duas delas tiveram que ser removidas para o Hospital pois estavam com princípio de Taquicardia, devido ao aumento dos batimentos cardíacos.
As muitas horas sem se alimentar decretaram o fim da festa para Tiago, após comprar e comer uma pequena porção de macarrão por R$7 reais, ele passou o resto da festa repousando em uma das macas da enfermaria, enquanto os amigos ainda curtiam lá fora.

- Essa Merda que o Marquito me vendeu é que me detonou.
- Daqui a pouco ele deve aparecer aqui na enfermaria também passando mal.
- Que nada, vi o Marquito agora a pouco la fora, neguinho tava viajando, só andando de bicicleta.

Andando de Bicicleta? Marquito não tomou nem uma bala dessa vez, ele resolveu experimentar uma droga diferente, a bike 500, é o nome do mais novo tipo de Doce(Lsd) disponível no mercado. Por isso “andar de bicicleta” já virou termo comum entre os simpatizantes da droga. Todas as encomendas foram vendidas, o dinheiro investido para a festa foi recuperado com louvor, Marquito agora não só tinha dinheiro pra sustentar o vício, como também pra colaborar com os amigos. A festa estava demais, logo ao entrar Marquito ingeriu ¼ da droga para aquecer os motores, poucos minutos depois tamanha era a ansiedade ele ingeriu o restante, e não satisfeito ingeriu uma segunda dose. Os efeitos do Lsd variam conforme a personalidade da pessoa, o contexto (ambiente) e a qualidade do produto, podendo ser agradáveis ou muito desagradáveis. O LSD pode provocar ilusões, alucinações (auditivas e visuais), grande sensibilidade sensorial (cores mais brilhantes, percepção de sons imperceptíveis), sinestesias, experiências místicas, flashbacks, paranóia, alteração da noção temporal e espacial, confusão, pensamento desordenado, sentimento de bem-estar, experiências de êxtase, euforia alternada com angústia, pânico, ansiedade,depressão, dificuldade de concentração, perturbações da memória, psicose por “má viagem”. Poderão ainda ocorrer náuseas, dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial e do ritmo cardíaco, debilidade corporal, sonolência, aumento da temperatura corporal.
A ingestão de dois “Doces” em nada assustava Marquito, que se lembra de em uma festa anterior ter tomado quatro balas.

- Fiquei doidão demais, mas foi de boa.

O ritmo cadenciado da música aliado ao efeito da droga faziam com que Marquito alterasse seu humor diversas vezes, alternando momentos de euforia e de inquietação, a temperatura do corpo estava visivelmente alta, garrafas de água eram consumidas sem parar. Por alguns minutos ele se sentiu distante e permaneceu em silêncio, a “ausência” do amigo causou estranheza entre os colegas que foram perguntar se estava tudo bem.

- Ta de boa ai Marquito?
- Véi, o que foi isso! Viajei demais. Me senti como se eu estivesse fora de mim, e não conseguia voltar mais, uma sensação ruim, eu queria voltar pra dentro do meu corpo e não conseguia. Ufa, ainda bem que passou.
- Relaxa brother, vamos sentar um pouco que rapidinho a “nóia” passa.

A experiência de certa forma assustou Marquito, que percebeu seus exageros, e ficou o resto da festa com um ar de preocupação, nem de longe lembrava o Marquito animado de sempre.
8 horas da noite, hora de ir embora, Juliana não aguenta mais suas pernas, ela dançou como a tempos não dançava. Os amigos reunidos, música empolgante, ambiente paradisíaco, nem uma confusão ou briga foi presenciada pela garota que vai embora pra casa com o sentimento de dever cumprido.


- Há tempos não me divertia tanto, mau posso esperar até a próxima Trance, so preciso descansar um pouco por que o dia foi agitado.

Enfim, o movimento Trance no Brasil é considerado por muitos um novo modismo, porém indepedente de estar na moda ou não prova ter força e popularidade para durar anos. Afinal, esse gênero emergente abriga diversas tribos e tem a luz do sol como iluminação durante o dia e as estrelas durante a noite.



*Os nomes dos personagens dessa reportagem foram trocados para preservar a imagem dos mesmos.


-------- Essa reportagem foi feita no final de 2007, ou seja, muitas coisas mudaram de lá pra cá, na proxima semana um outro evento de grande porte acontecerá em BH, o Chemical music fest, mais uma vez vou estar presente e no próximo post pretendo discorrer sobre minhas percepções sobre a festa e quem sabe até traçar um paralelo entre os grandes eventos do momento e as festas de 1 ano atrás. Abraço.

Dica de Som: Party Generation - Talamasca

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Potenciais ídolos!!!

O que é ser fã?
Idolatrar alguem? Querer ser aquela pessoa? Ter inveja?
Fã vem de fanatismo? O que nos leva a tornarmos um fã? O quão somos fanáticos por algo ou alguém?

Bom, eu prefiro entender fã, como alguém que admira e/ou respeita o trabalho de determinado artista, ou em outro nível, sintetizando, alguém que admira alguma coisa.
É bom ser fã? Eu acredito que sim, pelo simples fato de ser bom gostar de algo, ter aquilo como referência. É engraçado como o tempo distorce nossas percepções de fanatismo e "heróis" vêm e vão á medida em que vamos amadurecendo e conhecendo coisas novas. Nossas preferências são voláteis e mudam com o tempo, engraçado né!!! Porém algumas coisas sempre continuam lá e nem o tempo com todo seu poder de transformação consegue mudar, que bom que é assim, já imaginou se fossemos uma pessoa diferente a cada novo ano? Enfim, não quero entrar em nenhum tipo de discussão de cunho filosófico, quero apenas relatar minhas experiências "fanáticas" recentes, entre aspas por que eu acho o termo "fanático" muito pesado, pois em alguns casos o fanatismo extrapola a razão, mas esse não é meu caso e tenho certeza que não é o seu também.

Sou fã de música e tenho no Rock o meu referencial maior, pelo fato de ser o gênero musical no qual eu mais me identifico, ou seja, sou fã de Rock, e apesar de flertar com outros estilos, nem mesmo as imposições do tempo, foram capaz de mudar esta minha concepção.
Da mesma forma como nós "fãs", temos nossas percepções e nossas preferências alteradas com o decorrer do tempo, o mesmo ocorre com os artistas, um processo de amadurecimento natural e que as vezes determina caminhos distintos e rumos diferentes na carreira, angariando novos fãs e talvez perdendo alguns.
Sempre tive uma simpatia muito grande pelo Udora, banda que se chamava Diesel nos primórdios. Fui apresentado á eles por um amigo de escola que fazia aulas de bateria com o Jean Dolabella(atual Sepultura) até então baterista do Diesel, ele me emprestou o Cd e me convidou para ir assistir a uma apresentação gratuita deles, que ocorreria em praça pública, em comemoração ao dia mundial do rock. Convidei alguns amigos que tinham gostos parecidos ao meu e fomos conferir a apresentação. Me surpreendi ao ver que uma banda independente e com pouco tempo de estrada já possuia uma base sólida de fãs, que se apertavam para ficar próximos ao palco e que cantavam com desenvoltura as letras em inglês. Resultado, me tornei um admirador também e passei a acompanhar o trabalho deles.
Por que o Diesel me chamou a atenção? Claro que é uma soma de fatores, em primeiro lugar, o poder da música deles era muito grande, o Rock de forte pegada, com guitarras distorcidas, melodias consistentes e letras contundentes, era de grande impacto, as referências ao grunge também me chamaram muito a atenção, pelo fato de ser o movimento responsável pela minha iniciação na música e em muito me lembrava bandas como Nirvana, Pearl Jam entre outros. Porém a identidade própria, única, aliada a uma boa presença de palco, visual e atitude diferenciados, faziam com que aqueles quatro rapazes de Belo Horizonte se tornassem fortes candidatos a alcançarem o posto de grandes representantes do Rock pesado brasileiro no exterior, seguindo os passos dos conterrâneos do Sepultura.
A afirmação do Diesel como um dos grandes expoentes da música pesada no Brasil parecia ser questão de tempo, a primeira colocação no concurso "Escalada do Rock" proporcionou a oportunidade do quarteto mineiro de tocar no Rock in Rio 3, dividindo palco com Deftones, Silverchair e Red hot Chili Peppers. Aquilo me enchia de orgulho, eu torcia por eles não só pela afinidade musical, eu me identificava também pelo fato de ser uma banda da minha cidade e que poderia alcançar o mundo, o que abacou não ocorrendo. Passado algum tempo e após enfrentar uma temporada de cerca de 5 anos nos Eua, terem mudado de nome, integrantes e estilo, o antigo Diesel, atual Udora continua trilhando o caminho da música alternativa, á procura ou não dos holofotes, definitivamente mais maduros e completamente em rumos diferentes.
O som até então mais pesado, deu espaço ao pop rock convencional, comercial e que não traz grande diferença e nem acrescenta muito ao que ouvimos nas rádios hoje em dia, as letras em inglês deram espaço para a lingua pátria e a admiração que eu tinha por aquela banda foi diminuindo, culminando na última apresentação deles que pude conferir na última semana.
A Banda que se destacava pela identidade única, que não tocava covers e que agitava a galera parecia não estar mais ali, no repertório, apenas músicas mais recentes, nada das poderosas canções "burn my hand", "drain" e "4d" da época do diesel, e nem tão pouco "phantom limb" ou da emplogante "Beaultiful Game", ja da fase mais recente do Udora, em troca, covers de Tears for Fears, The Police e Oasis. Uma pena, a banda que agora toma novos caminhos, não me agrada mais e o sentimento que eu tive era de que a grande maioria das pessoas que estavam ali naquele momento, também achavam o mesmo.
Bom, essa é apenas a minha opinião, a solução? Procurar novas bandas que despertem em mim alguma sensação diferente, novos potenciais ídolos.

Será que isso é comum? quantos ídolos você ja teve na vida? Sem contar Pai, mãe e compania...
A impressão que tenho é de que sempre estamos a procura de novos ídolos, que possam nos despertar o desejo de novas conquistas e que sirvam de referencial. Um ídolo que me chamou a atenção neste fim de semana foi de uma outra área, da qual também sou fã, o futebol, o ídolo? Marques, atacante do Galo Mineiro de 35 anos, cujo a trajetória profissional se confunde com a do meu time de coração, e o carisma? Quanto carisma, é impressionante o tamanho da identificação da massa atleticana com esse jogador. Já eram jogados 15 minutos do segundo tempo, o público de 25 mil pessoas cantava em coro "Olê Marquês, Olê Marques", o técnico Geninho dá as últimas intruções para o xodó atleticano antes de coloca-lo em campo, a torcida emplogada não tira os olhos da lateral do gramado, ansiosos para que a substituição ocorra logo e que o resultado de 0 x 0, contra o modesto Social de Coronel Fabriciano se transforme em uma possível goleada. Até que, tomado de emplogação, distraído, gritando o nome do meu ídolo, percebo que algo diferente acontecia no campo, os gritos de "Olê Marquês" vão se calando aos poucos, vejo o goleiro do Atlético buscando a bola dentro do gol, do gol? "foi gol"? pergunto ao lado, "parece que foi" me respondem torcedores que como eu não sabiam o que tinha acontecido, cadê o replay?.... 1 x 0 para o social, parece brincadeira, mas acredito que metade do estádio prestava atenção na beirada do campo e perdera o belo gol feito pelo time adversário, gol este que decretou a derrota de nosso time e que nem nosso ídolo Marques, foi capaz de reverter. Mais uma derrota. E ai, existe solução? É tão fácil procurar um novo time para torcer, como uma nova banda para ouvir? Acho que não, estou fadado a torcer para o mesmo time até o fim da vida, e esperar que novos potenciais ídolos possam surgir. Se eu não estivesse acostumado com isso (os cruzeirenses que não vejam isto aqui), eu teria ficado mais chateado.

Resolvi então ir ao teatro, assistir uma peça de outros ídolos, não meus, mas de muita gente por ai. O nome da peça é Chico Rosa, um diálogo musical numa mesa de bar, entre Noel Rosa e Chico Buarque, encontro inusitado, pois Noel faleceu 7 anos antes de Chico nascer. Dois sambistas de marca maior, muito bem cantados e interpretados pelos atores Luiz Rocha e Ricardo Nazar, o resultado? O grande teatro do palácio das artes lotado, no repertório, samba, muito samba e muito sono. Sei que fãs de Chico e Noel deveriam estar estaziados ao presenciar aquele encontro lúdico, mas eu, apesar de respeita-los como exímios artistas e sei que o são, quase durmi dentro do teatro, ser fã deles, acho que não.

Finalizando, todos nós somos fãs de algo na vida, alguns ídolos, com o tempo, deixarão de ser, outros continuarão sendo, mesmo que lutemos contra, enquanto alguns nunca serão, por mais que possamos respeitar. Mas uma coisa é certa, ter ídolos é muito bom, desde que entendamos que nossos ídolos também são seres humanos como qualquer outro, capazes de errar ou acertar.

E você, qual o seu potencial ídolo?

Dica de som: Udora - Liberty Square
Dica de filme: Efeito Borboleta

Abraços.

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Não mata, não engorda e não faz mal.

Qual é o seu desejo de consumo no momento?
Um Playstation 3? um Iphone? Um Notebook? um carro?
Em quanto tempo você acha que consiguirá comprar esse bem de consumo?

Vamos fazer um paralelo. Enquanto um Iphone, a nova revolução em telefones celulares, nos Estados Unidos pode ser encontrado nas lojas por modestos U$ 299 dólares, aqui no brasil é impossível encontrá-lo por menos de R$ 1200 reais, ou seja, mesmo com a conversão da moeda, qualquer tipo de aparelho eletrônico no Brasil, é pelo menos 2 vezes mais caro do que nos Eua!!!
Ta explicado por que eles são considerados a civilização do consumo, haja visto que com uma semana de trabalho, qualquer cidadão americano, que ganha um salário mínimo é capaz de comprar o tal Iphone, enquanto um cidadão Brasileiro que ganha seus 380 reais mensais, gasta pelo menos 1 ano para poder comprar, isso se economizar bastante!!!

São exemplos como esses que fazem com que muitos Brasileiros tentem a vida fora, a oportunidade de gozar da vida de uma forma mais tranquila, conquistar bens de consumo e viver com muito mais conforto e tranquilidade, com certeza é tentadora, apesar de todas as dificuldades de adaptação e humilhações durante todo este percurso.
Bom, pesando dessa forma, poderíamos dizer que só fica no Brasil quem é bobo, afinal, o que podemos encontrar no Brasil, que nos EUA não tem? quer me ajudar a enumerar?

Futebol? Lá tem também, aliás, vocês sabem qual o país do mundo onde mais se pratica o futebol? Pois pasmem, os Estados Unidos são os primeiros nesse ranking, sabe por que? Pelo fato de não ser um esporte exclusivamente masculino, o futebol é o esporte mais praticado por mulheres americanas. Porém, o futebol não passa de um esporte por lá, bem diferente da paixão que move montanhas aqui no Brasil, mas vamos deixar isso para debater no futuro, pois futebol, com certeza merece um espaço especial em posts futuros.

Mulher bonita? Lá também tem, aliás, olhos verdes e cabelos loiros são comigo mesmo, porém falta um pequeno detalhe, a paixão nacional, a Bunda, nesse quesito as Brasileiras são imbatíveis, haja visto que as mulheres brasileiras fazem muito sucesso em terras estrangeiras. Bunda neles...

Carnaval? Bom, lá existe o Mardi Grass, festa popular, nos mesmo moldes do carnaval Brasileiro, que acontece uma vez ao ano, em apenas um lugar do país, a devastada cidade de New Orleans, mas ai é que entra o diferencial Brasileiro, a alegria, somos com certeza o povo mais alegre do mundo, sabemos curtir como ninguém, e meu amigo, me aponte um gringo, que não ficaria louco com o carnaval Brasileiro.

Bom, o carnaval merece um capítulo a parte. Em meio a tantos "Créus" e "beber, cair e levantar", várias músicas embalaram esses 5 dias de liberdade total, onde se divertir foi a única regra a ser seguida. Aliás, beber, cair e levantar foi um hino entoado e levado a risca por muitos foliões. Pena que São Pedro não colaborou e a chuva encheu o saco de muita gente, mas, enfim, fazer o que né!!! Boas são as resoluções pós-carnaval, quem não ás tem? Parar de beber, parar de fumar, parar de sair, começar a estudar, arrumar uma namorada, essas são apenas alguns poucos exemplos, cabe saber se vai haver força para realiza-los.

Por fim, acredito que futebol, mulher e carnaval, são motivos mais do que suficientes para tornar nosso país especial e capaz de fazer com que todos nós tenhamos bastante orgulho de ser Brasileiros. Pois entre o futebol e o football, eu fico com o "fut", entre a loira peituda e a morena bunduda, bunda neles..(denovo) e enquanto ao carnaval? 2009 tem mais.....
Isso pra não citar nosso arroz com feijão, que nem se compara com hamburgueres e hot dogs por ai...

Viva o Brasil, viva o carnaval e viva o futebol, como dizia a Ivete, "não mata, não engorda e não faz mal".

Dica de som: Arctic Monkeys - "My favorite worst nightmare"
Dica de filme: Meu nome mão é Johnny

Abraços...

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