terça-feira, 25 de março de 2008

100 anos de paixão

25 de março de 2008, no dia de hoje o Clube Atlético Mineiro, completa 100 anos de vida, história que se confunde com o crescimento de Belo Horizonte, time de tradição, primeiro Campeão Brasileiro da história, time que mais vezes levantou a taça de Campeão Mineiro, agremiação com milhões de torcedores espalhados Brasil afora, torcida apaixonada, reconhecida por toda o país como uma das mais vibrantes e apaixonadas. São poucos os times, agremiações, clubes, empresas ou marcas, que chegam aos 100 anos de história com uma base tão sólida de fiéis seguidores e que mesmo diante das dificuldades (não são poucas) vestem com fervor o manto alvinegro e enchem o peito pra gritar GALO!!!



Confesso que apesar de ser um torcedor apaixonado pelo Galo, fiquei surpreso com o fanatismo da torcida, Belo Horizonte acordou com um ar diferente, muitos viraram a noite comemorando a expressiva data. Diversos bares, alguns pontos tradicionais da capital e a sede do Atlético foram tomados por uma multidão preto e branca que não tinha o menor pudor de demonstrar seu carinho pelo Clube, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de três mil pessoas passaram a noite em frente a sede em Lourdes, isso por que era uma segunda-feira hein!!! Será que ninguém trabalha?

Também me impressionou o espaço dedicado ao Galo em todos os meios de comunicação do Brasil, o programa “Bem amigos” apresentado por Galvão Bueno, no canal Sportv, teve a presença de Èder Aleixo (o bomba), um dos grandes ídolos da história centenária, o Esporte Espetacular de domingo, da TV Globo, exibiu uma reportagem especial sobre os 100 anos do Clube, às 7 horas da manhã de hoje, o Bom dia Brasil, noticiava como tinha sido a festa madrugada a dentro da torcida Atleticana em Belo Horizonte, portais da internet como a globo.com e o Terra exibiam em suas páginas principais reportagens especiais sobre o centenário, a rádio Itatiaia acompanhou todas as comemorações (missa, homenagem aos fundadores, entre outros) de perto, jornais impressos como Estado de Minas, Super e Hoje em Dia, destacam em encartes especiais a grandiosidade do Clube Atlético Mineiro, sem contar as homenagens já esperadas dos programas diários de TV, Globo Esporte e Alterosa Esporte.

No meu translado de casa para o trabalho, contei exatamente 11 pessoas com a camisa Atleticana na rua, e olha que eu moro a apenas 7 minutos de carro do meu serviço, não vejo a hora de ir embora pra casa e poder vestir a minha também, toda essa paixão é realmente contagiante e é impossível passar despercebido.

Lembro-me quando criança, acompanhar jogos do Atlético via TV ou rádio eram um programa certo nas noites de quarta-feira e nas tardes de domingo, os gritos de Galo pela janela a cada gol marcado eram impossíveis de ser evitado, mesmo quando vizinhos reclamavam da bagunça já tarde da noite, porém era algo que vinha de dentro, não dava pra evitar, eu tinha que colocar aquela alegria pra fora e melhor ainda era escutar diversos outros gritos que ecoavam de outras janelas, pessoas que assim como eu, não agüentavam guardar aquele sentimento para elas e tinham que se expressar de alguma forma.

Em nosso país, com todas as dificuldades, violência, falta de respeito com o cidadão, entre tantos outros problemas, o futebol acaba se tornando a válvula de escape mais popular, ainda bem que essa válvula existe pra suprir nossas carências, senão estaríamos perdidos.

Enfim, não pude deixar essa data passar despercebida e reservei alguns minutos para fazer essa singela homenagem ao meu time de coração. Todos os contratempos de torcer pelo Atlético, só nos fazem torcedores cada vez mais apaixonados.
Só me resta agradecer a Dadá Maravilha, Luisinho, João Leite, Éder Aleixo, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Procópio Cardoso, Reinaldo, Guilherme, Marques, Telê Santana (o mestre), entre outros, por tornarem esse time grandioso, mas o mérito maior é da grande massa Atleticana, por tornar esse time apaixonante e como dizia Roberto Drummod "Que me perdoem os que possuem só títulos, claro que são importantes, mas nós temos uma paixão".



Viva o Galo, viva a torcida Atleticana, parabéns Clube Atlético Mineiro pelos 100 anos de glória. GALO!!!!!!!!!!!!!

Dica de som: Hino do Clube Atlético Mineiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Atlético, 100.
postado por Mauro Beting


O melhor lance do Atlético não foi num jogo.
Foi fora dele. Foi numa derrota.
Minto, num empate de um time invicto, o supervice-campeão do BR-77.

Não foi o melhor jogo ou jogada.
Mas não teve nada mais atleticano que aquilo: depois da derrota nos pênaltis para o São Paulo, Mineirão e Brasileirão estupefatos pela queda sem derrota de um senhor time de bola, os jogadores baqueados e barreados pela chuva e pela lama se abraçaram no gramado e assim foram ao vestiário.

Foi a primeira vez que vi a cena reverente que virou referência.
Ninguém estava fazendo marketing (nem existia a tal palavra).
Nenhum jogador estava jogando pra galera.
Era fato.
Time e torcida estavam juntos naquele abraço doído e doido.

Como tantas vezes o atleticano esteve junto com o time. Qualquer time.

Nada é mais atleticano que aquilo: um time que se comportou como o torcedor.
Solidário na dor, irmão no gol.

O atleticano é assim: tem a coragem do galo, mas não a crista.
Luta e vibra com raça e amor. Mas não se acha o dono do terreiro.

Sabe que precisa brigar contra quase tudo e contra quase todos. Até contra o vento, na célebre imagem de Roberto Drummond.
Aquela que fala da camisa preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade. Para o escritor atleticano, ou, melhor, para o atleticano escritor, o torcedor do Atlético sopraria e torceria contra o vento durante a tormenta.

Não é metáfora. É meta de quem muitas vezes fica de fora da festa. Não porque quer. Mas porque não querem.
Posso falar como jornalista há 17 anos e torcedor não-atleticano há 41: não há grande equipe no país mais prejudicada pela arbitragem.
Os exemplos são tantos e estão guardados nos olhos e no fígado.
Não por acaso, o atleticano acaba perdendo alguns jogos e títulos ganhos porque acumulou nas veias as picadas do apito armado.

Algumas vezes, é fato, faltou time. Ou só sobrou raça. Mas não faltou aquilo que sobra no Mineirão, no Independência, onde o Galo for jogar: torcida.
Pode não ser a maior, pode não ser a melhor, pode até se perder e fazer perder por tamanha paixão, cobrando gols do camisa 9 como se todos fossem Reinaldo, pedindo técnica e armação no meio-campo como se todos fossem Cerezo, exigindo segurança e elegância da zaga como se todos fossem Luisinho.

Mas não se pode cobrar ninguém por amar incondicionalmente.

O atleticano não exige bola de todo o time. Não cobra inspiração de cada jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada posição, em cada jogada.
Por isso pede para que o time lute.
É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada.

A maior vitória atleticana é essa. Mais que o primeiro Brasileirão, em 1971, mais que o vice mais campeão da história do Brasil, em 1977.
Os tantos títulos e troféus contam. Mas tamanha paixão, essa não se mede. Essa é desmedida. Essa é a essência atleticana.

Essa é centenária.
Essa é eterna.



24/03/2008 18:56